terça-feira, 29 de dezembro de 2015

RUDIMENTOS


O corpo tosco, ideológico, cheira
à bebida barata do bar da esquina,
o olhar inerte sobre a toalha: a lembrança
é mortalha do intelecto no caminho
percorrido ao alongar o físico;
o contato contamina o destino
e nos ouvidos se rebelam sons inaudíveis;
repete o gesto com que bebe o líquido
nas vezes despretensiosas da saudade;
reafirma ao homem da outra mesa a incerteza
do sobreviver: ideológico, destila o humor
esbranquiçado da verdade: o homem
ao lado bebe ao santo de todos os sábados.

(Pedro Du Bois, RUDIMENTOS, I, edição do autor)







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