segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

O QUE DEVE SER FEITO


Tudo o que quer fazer
nas horas ímpares
deixa para depois
do tempo concentrado
em preocupações maiores

o início traz notícias
sobre permanências
dispensadas em asas
de pássaros concebidos
em ninhos destruídos pela chuva

na chegada
arrasta a cadeira
onde senta e olha

suas vontades
trazidas em destinos
frágeis de terminações
afora amores filiais
descrentes do que guarda

vastas camadas florais
de perfumes significados
atraem antecipações
mordazes de comentários
orientados em suspensões

repletas vidas se completam
em voltas descontadas
nas distâncias ocorridas
entre vidas ouvidas
em audiências objetivadas
de governanças e participações

tudo feito em dias
úteis de salários
e comparações
exemplares de sonhos

visões irrepreensíveis
de cabeças abertas
em sensores decorridos
de espionagens
e prêmios ofertados

o andar do objeto
identificado nos que ficam
sobre terras enxutas
e nada é poupado
ao sofrimento mantido
na coragem das perguntas

o fazer não idiotiza
relações irresponsáveis
nos lazeres descritos
em prazeres baratos

rasgada roupa assoma
o corpo mentiroso das torturas
no arrancar peles onde
passam unhas avassaladoras

quer refazer a dor
duvidando da integridade
com que se apresentam
rostos restritos
na contrição das mãos

destroços recolhidos
em restos plásticos
do todo fragmentado
na dúvida em que
repete gestos
suspeitos na noite

hora de afastamentos
traduzem inquietações
nas liberações: sonos recuperam
corpos esquecidos nas condições
sensíveis das experiências
prometidas das demoras

rumo bifurcado
na procura das faltas
acobertadas no que não sabe

suposições indiciam
ocasiões espertas onde
o passado desnorteado
é tragédia anunciada
em afastamentos: o restante
feito quando possível.

(Pedro Du Bois, POETA EM OBRAS, Volume I, edição do autor)

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