sexta-feira, 4 de setembro de 2015

IGNORAR

na ignorância o grito assustado
em que se reconhece: a fuga permanece
ao levar sombra a claridade desfeita
em imagem e se recolocar vazia
contra o vidro em cores fortes

a fuga recompõe a cena e se transfigura:
extremo gesto na negação do engodo
pela incerteza com que o carrasco
arremete a lâmina
            e nada encontra para cortar

a ignorância em épocas indistintas
mostra diversidades e nos confunde
em faces intercaladas: belo
                                    feio
                                    ódio
                                    expressado em claros olhos

a fuga repete gestos na extensão
ambígua de recobrir a cabeça em homenagem
e graça: a ignorância sonha a eternidade

(Pedro Du Bois, inédito)


Nenhum comentário:

Postar um comentário