sábado, 17 de agosto de 2013

HORA

A hora da batalha no sorriso nervoso
com que olha entre lágrimas a certeza
de que a morte espreita nas balas
perdidas do  inimigos

faz da conquista profissão e a fé esmaece
sua força e físico ao saber das razões
do início e do dinheiro que lhe é pago

as posições definidas antes do início
em que os amigos estão ao lado
e na outra face a mesma angústia
que a espera encerra no antegozo
                                      do momento

a perda perpassa a mente
e seus olhos turvam
e as mãos tremem
sua morte capturada em duras realidades
famintas
       sedentas nas políticas
extremadas de discursos foscos
(paredes em que tiros entranham
a carne que não é sua)

do nada ao extremo gesto
no empunhar a arma
                          apontar
e disparar o tiro
              no inimigo
 que também dispara
contra você atento
ao sibilar da bala
que lhe atravessa o uniforme
e explode o corpo
em ossos e vísceras

é você o soldado errôneo
nesta guerra (estúpida)
em que os sentidos se perdem
antes dos tiros e cabeças feridas
não se entendem e violam leis
no aguardar os instantes
finais do embate
               em que se perdem vidas
                                     (por nada).

(Pedro Du Bois, inédito)

Nenhum comentário:

Postar um comentário